A localidade em questão encontra-se inteiramente em consonância com os princípios da sustentabilidade, e da convivência harmônica e benfazeja com o ambiente. Inserido em um espaço com ampla vegetação natural, salta aos olhos a preservação deste, fazendo com que o verde que poderia permear apenas o imaginário, se faça presente no horizonte.
É notório como a integração homem e ambiente se constrói no Sítio Boa Esperança. A partir da observação, da integração com meio, as potencialidades são percebidas e exploradas. Desta forma, criando ciclos produtivos que se concretizam em aspectos monetariamente positivos. Observa-se, ainda, como se dá a organicidade do local, em sua inteiridade os ambientes se firmam próximos a residência, objetivando facilitar a atuação dos entes familiares dentro dos ambientes produtivos. Entretanto, deve-se indicar que há a atenção para que não se criem situações desagradáveis a vivência do núcleo familiar na residência, como mau cheiro, que poderia ser causado ou pelo galinheiro, ou pelo minhocário, postos nas laterais da casa. Há o cuidado para que eles fiquem em lugares que impeçam ou dificultem que o vento encaminhe os odores para a casa central.
O minhocário, encontrava-se em pleno funcionamento, despertando, assim, a atenção de todo o grupo de estudantes. Curiosos sobre o processo. Segundo este, o esterco é trazido diretamente do curral dos animais e posto e colocado em um suporte que assemelha-se a um depósito. Este, por sua vez, já conta com um conjunto de minhocas, elas atuam no beneficiamento do esterco. Esse processo ocorre devido a sua intensa movimentação, culminando com a produção de um esterco extremamente rico, pois existe, naquele, a junção dos depósitos fecais animais trazidos, unidos aos depósitos das próprias minhocas.
Decorrido o tempo necessário a transformação do esterco em adubo, este será peneirado, para separar as minhocas e devolvê-las ao minhocário. Em seguida o adubo é ensacado e pode ser usado aos mais diversos fins e culturas, desde plantações de subsistência, até plantas de ornamentação.
Encontra-se em construção no local, um filtro biológico, afim de permitir o reaproveitamento de águas cinzas, espacialmente, da parte oriunda as pias da casa. A partir da construção de uma pequena rede de canos, todas as águas são canalizadas para um mesmo local. Neste, escava-se um buraco, não havendo necessidade de grandes proporções. Após a escavação é necessário que impermeabilize o solo, para impedir que a água seja perdida para a camada inferior de terra. Em seguida colocam-se hodiernamente camadas de brita e areia, até atingir a superfície, quando isso ocorrer far-se-á uma derradeira camada com vegetação natural, afim de proteger o solo em se estabelece a atuação do filtro.
Os procedimentos cotidianos exigem o investimento dos meios energéticos em suas várias manifestações, desde a eletricidade até os gases que permitem processos básicos. Neste contexto, no sítio em voga existe um biodigestor que atua na produção de gás natural, este convertido por meio de encanamentos subterrâneos até a cozinha da casa, ligando diretamente ao fogão. Logo, observa-se que devido a esta ação ocorre a redução nos gastos com a compra de gás de cozinha convencional.
O biodigestor encontra-se localizado a uma distância mínima da casa, por razões de segurança, estando, ainda, em elevação inferior a esta. Conta com três depósitos de matéria orgânica, oriunda dos dejetos animais. O primeiro é notado como o maior, portanto centrando a produção, sobre a camada de dejetos encontra-se alocada um bloco de solo com altura superior a 60 centímetros, tal fator minimiza os vazamentos de gás, além de potencializar a produção. No topo desta camada de solo, colocou-se um canalizador da produção, neste caso incarnado por um galão de água de vinte litros, instalando nele válvula de controle, para liberação ou cerceamento do fluxo de gases entre a casa e o biodigestor.
A camada de terra anteriormente citada não deixa de ser produtiva, podendo ser utilizada para desenvolvimento de culturas de pequeno porte, almejando suprir necessidades basilares do núcleo familiar, como a produção de temperos.
Além de todos os aspectos já elencados, o sítio conta, ainda, com hortas. Estas construídas dentro de sistemas de elevação, permitindo melhorar o fluxo da água, facilitando a irrigação. A produção é consumida internamente e, também, comercializada, sendo assim mais um elo do ciclo produtivo e comercial. Do encontro com o belo, do olhar para vivência harmônica entre homem e natureza, a simplicidade dos gestos, dos sorrisos e da alegria em acolher, viu-se naquela tarde alguns aprendizados singelos que, não cabem nas páginas limitadas de um livro.
Texto e fotos: Paulo Júnior, estudante de Jornalismo